23 de dezembro de 2010

Gênio ou louco?

Já viu o filme "Vicky Cristine Barcelona"? Então, para mim Barcelona só compartilha o Parque Güel e a trilha sonora, que fiquei ouvindo todo momento.
Chegando a meia-noite, já não podia pegar o metro para ir ao meu hostel, logo de cara já constatei que o taxi de Barça é mais caro. O hostel, como já esperava, era lotado de brasileiros, iteanos ou não, inclusive uma galera da UFRN. Na primeira noite estavam animando para uma balada brasileira. Com toda minha certeza fui dormir para aproveitar o dia seguinte.

Caminhei pela até a Plaza Catalã e lá perto aluguei uma bike. Com esta passeio pela cidade. Percebe-se claramente que o trânsito é bike friendly, como dizia o mapa que eu pegar no hostel. Vejo de longe uma torre meio que conhecida e para lá me dirijo. Prendo a bike próximo a uma arena de touro, que agora servia como picadeiro de circo. Almoço uma paella num local chamado Paellador. Curti o risoto.
Vou ao local que havia visto. Percebo que era uma igreja famoso, mas estava em obra (suga!). Inicio minha visita sem saber qual o nome do local. Aquela era a Igreja da Sagrada Família, o local que o arquiteto Gaudí queria que fosse o templo perfeito. Era realmente magnífico e ainda está em construção, de tão milimetricamente caprichado é a obra. Devo admitir que eu parecia uma criança assistindo a morte de Mufasa, pois eu chorava a todo instante contemplando a arte e a engenharia juntas louvando a Deus. Fui me perdendo nas explicações de como o gênio Gaudí trabalhou em cada detalhe e deixou para as gerações futuras indicações de como prosseguir após sua morte, já sabendo que aquele trabalho seria muito mais longo que sua vida.
Depois disto voltei a pedalar por aí. Cheguei à praia e vi o Mar Mediterrâneo pela primeira vez. Muito bonito, emoldurado pela Lua.
Retorno para devolver a bike e sou ajudado pela acochambração do brasileiro que cuidava da loja, pois cheguei 3 minutos depois do determinado. Voltando, como meu primeiro fast-food da viagem, um Sandwich de pepperoni numa rede local de pães. 
De volta ao hostel faço uma social no hall e vou dormir, enquanto que os jovens se preparam para a noite.

No dia seguinte procuro uma forma de ir para Toulouse, para a visita da AirBus, mas eis que ( eu tenho usado muito essa expressão? E o pretérito mais-que-perfeito?) descubro que, ou eu saia correndo, pagava caro e ainda ia dormi no chão, ou ficava em Barcelona e tentava trocar a visita pelo BSC. Decidi a segunda opção, mandei um e-mail para o Sereia e torci para que não tivesse que pagar nada para a CASSIS.
Já de tarde saio a visitar outra obra do Gaudí, la Pedreira. No caminho encontro com o Gal, que se junta ao meu trajeto. Pelo caminho vemos mais prédios com a assinatura do Mestre Catalão.
O Espaço Cultural, outrora condomínio, de La Pedreira é uma visão de como se pode projetar com beleza, segurança e inovação só seguindo a natureza e um pouquinho de sua loucura interior. 
Lá compro um guia das obras de Gaudí e tento ir para o parque Güel. No caminho janto um caprichado canellone e decubro a direção que devo tomar. Entro pegar um metro para soltar em 3 estações e ir andando, prefiro me aproximar mais da cidade. Depois de descobrir como de pronuncia o nome do parque e circundá-lo para encontrar sua entrada, chego ao meu destino.
Começo descobrindo o local aos poucos e quando ganho um pouco de intimidade, parto para o livro. Este vai me indicando os detalhes que não posso deixar passar. Ponho a ótima ópera de Wagner a tocar e me deixo filosofando pelo parque. Chega um ponto de intensidade da ópera e chego a pensar que aquele seria um momento de clímax, mas percebo que eu não estava assistindo a filme algum. E não é que o destino (ou o diretor do meu filme) me leva a achar o Calcário de Cristo que Gaudí criara de forma grosseira e genial no topo do parque observando Barcelona inteira! (essa deveria terminar com uma interrogação, né?)
Para voltar, meu joelho manda parar de frescura de conhecer a cidade andando e me manda pegar o metro. Paro no subway e encontro um certo brasileiro nazista que não sabia de pedia seu Sandwich em português, inglês, espanhol ou através de gestos. No hostel, apesar de inicialmente sacaneado, meu chapéu faz sucesso e Pelotas pede-o para a noite.

Acordamos cedo para visitar o Barcelona Super Computer. Fui com Biba e Bianca e estranhei como eles quase não confiaram no meu senso de direçao. Ainda bem que no final creram e chegaram a tempo para a visita. Um monte de computadores interligados, parece até a redecasd. Aposto que aprendi muito mais engenharia na Sagrada Família. Vou para a plaza Espana (como assim não tem n~ no iPod?) e de lá para mais um parque. Há um palácio que fora construído no final do século XIX para uma exposição de arte e hoje abri o Museu Nacional de Ate Catalã. Visitei, mas admito que já estava exausto fisicamente. Foi legalzinho para ver a arte catalã da Idade Média até os dias de hoje, inclusive algumas peças mobiliárias de Gaudí.
Peguei uma chuva que começou pequena e foi diluviando-se, no começou nem me preocupei em me proteger, quando já estava bem molhado, agasalhei e continuei andando. Parei só para comprar uma aspirina em spray para aliviar a dor no joelho.
No hostel, fui usar o único computador com internet gratuita, que havia descoberto na noite anterior momentos antes do hall fechar. Reservei o hostel de Roma, parabenizei o Gentil por ter conseguido seu intercâmbio e descobri que enviar um pacote pelos correios não era muito caro. Fui enviar e só conseguir após penar como gringo perdido. Com 20% da mochila a menos, me deitei cansado, pensando como chegaria em Nice no dia seguinte. 

Tendo conseguido acordar orgulhosamente cedo, descubro que, nem indo para o mesmo lugar, meus companheiros de apartamento do H8 vão seguir viagem comigo. Pego algumas informações e vou para a estação achar meu caminho.

Estou neste momento saindo de Barcelona e da Espanha. Neste país vivi momentos que, com certeza, nunca esquecerei. Mas agora rumo a França, primeiro local a que vou sabendo praticamente nada da língua local.
Sem preconceito, mas esse pessoal no trem podia tomar um bãinho? PQP!

Um comentário:

Renan R. Diniz disse...

Realmente, muita falta de sorte a Sagrada Família estar em obras! Hahahahaha
Barcelona já estava alta na minha lista de destinos da CV-12, e subiu um pouco mais.